Cultura

8 livros novos no 80º aniversário do Holocausto

Oitenta anos após o final de um dos períodos mais sombrios da História, continua a ser urgente manter viva a memória do Holocausto. Com a ascensão da extrema-direita na Europa, o discurso de ódio a ganhar terreno, e o termo “genocídio” a voltar a fazer manchetes de jornais, esquecer o passado é, mais do que nunca, arriscar repeti-lo. Na data do 80º aniversário da libertação do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, onde mais de um milhão de pessoas foram assassinadas, partilhamos oito novos livros – esses fiéis guardiões da História da Humanidade – que revisitam e reacendem a memória do Holocausto e das suas vítimas.

Sem Destino, de Imre Kertész

Comparado a Se Isto É Um Homem pelo The New York Review of Books, Sem Destino é o primeiro e mais aclamado romance do Prémio Nobel da Literatura 2002. Embora seja uma obra de ficção, esta história sobre o quotidiano de um adolescente nos campos de concentração de Auschwitz e Buchenwald nasce das próprias memórias do autor húngaro, nascido no seio de uma família judia, que, com apenas 15 anos, foi prisioneiro em Auschwitz e, mais tarde, em Buchenwald e Zeitz.

Reencontro, de Fred Uhlman

Mais uma aguardada reedição, Reencontro é o livro mais lido e elogiado de Fred Uhlman, autor, advogado e pintor antinazi alemão. Embora não chegue a cem páginas, esta comovente história sobre a amizade tragicamente interrompida  de dois adolescentes de mundos opostos – Hans, filho de uma família judia, e Konradin, herdeiro de uma rica família aristocrata – é amplamente aclamada como uma obra-prima do século XX.

A Desnazificação, de Emmanuel Droit

Da editora Guerra & Paz, chega um ensaio fundamental para entender a pós-História do III Reich. A Desnazificação examina o complexo processo de avaliação das responsabilidades individuais durante o regime nazi e a reeducação da sociedade alemã no período do pós-guerra. Explorando as tensões entre memória e ocultação, justiça e perdão, é uma reflexão pungente sobre responsabilidade política e a construção de narrativas ilusórias que distorcem a verdade histórica.

A Família Hitler, de David Gardner

Quando o ditador alemão se suicidou, em abril de 1945, deixou dois meios-irmãos e uma irmã, mas durante décadas ninguém soube do seu paradeiro. Nesta investigação fascinante, agora revista e atualizada, o jornalista norte-americano David Gardner explora a vida dos parentes vivos do Führer nos Estados Unidos, revelando uma parte pouco conhecida da história de Hitler e de uma família que, amaldiçoada pelo nome, muitos julgavam extinta.

O Homem que Salvou Primo Levi, de Carlo Greppi

«Creio que, se estou vivo hoje, o devo a Lorenzo», escreveu Primo Levi no seminal Se Isto É um Homem, referindo-se ao pobre e quase analfabeto carpinteiro italiano que durante a Segunda Guerra Mundial, arriscando a liberdade e a vida, lhe levou uma sopa todos os dias, ao longo de seis meses, salvando-o da desnutrição em Auschwitz. Neste livro do historiador e autor premiado italiano Carlo Greppi, ficamos a conhecer a sua história, um verdadeiro testemunho da bondade e da esperança que nos torna humanos.

A Bailarina de Auschwitz (Edição para Jovens), de Edith Eger

Sete anos depois da publicação deste livro que conquistou Bill Gates, chega uma reedição direcionada para o público jovem, com o objetivo de transmitir a sua mensagem às novas gerações. Edith, agora uma reconhecida terapeuta e autora bestseller, era bailarina quando foi enviada para Auschwitz com apenas 16 anos. Neste relato profundamente pessoal, revive as suas experiências da guerra através dos olhos e emoções do seu eu adolescente, oferecendo aos jovens leitores uma mensagem emocionante de esperança e resiliência.

O Desaparecimento de Josef Mengele (Novela gráfica), de Olivier Guez e Matz

Também publicado originalmente em 2018 foi este livro premiado de Olivier Guez que conta agora com uma adaptação a novela gráfica. Todos conhecem o nome de Josef Mengele, o Anjo da Morte de Auschwitz; o que poucos sabem é como é que ele conseguiu fugir à justiça durante 30 anos sem nunca o terem apanhado. Nesta edição da Levoir, o texto de Guez junta-se às ilustrações singulares de Jürg Maillet para voltar a contar a história da fuga de um dos mais execráveis símbolos da barbárie nazi.

Os Bastardos de Hitler, de Francisco Ramalheira

Disponível apenas em pré-venda, Os Bastardos de Hitler tem lançamento previsto para o dia 6 de fevereiro. Do autor de romances históricos como Vida Censurada e obras de ficção científica como Mãe, chega um romance sobre as crianças perdidas ou órfãs no rescaldo na Segunda Guerra Mundial – milhões de crianças europeias a quem foram roubadas a infância e a família, e cuja história é agora contada pela primeira vez.

Artigo original: Bertrand Livreiros