Cultura

Os 100 melhores livros do sec. XXI, segundo o The Guardian

O que é que J. K. Rowling, Sally Rooney e Chimamanda Ngozi Adichie têm em comum? Os seus livros integram a lista dos 100 melhores livros do século XXI, divulgada pelo The Guardian.

Ao longo do mês de setembro, o jornal britânico publicou uma série de listas dedicadas ao que de melhor se fez na cultura, desde o ano 2000, percorrendo a música clássica, o pequeno ecrã e até a arquitetura. A mais recente é dedicada à literatura e integra nomes incontornáveis da literatura contemporânea, escolhidos, cuidadosamente, por críticos e editores.

Descubra quais foram os livros destacados pelo jornal:

Os Homens que Odeiam as Mulheres, de Stieg Larsson
No 98.º lugar desta lista figura a obra incontornável de Stieg Larsson. A saga Millenium segue a história do jornalista radical Mikael Blomkvist e da hacker Lisbeth Salander, que seguem o rasto de assassinatos e conspirações deixado por uma das famílias mais poderosas da Suécia.

A obra trouxe popularidade aos policiais nórdicos, cada vez mais populares por todo o mundo, conquistando milhões de leitores. Acabou no grande ecrã (2011), com Rooney Mara e Daniel Craig como protagonistas.

Depois da morte súbita do autor, vítima de um ataque cardíaco, aos 50 anos, David Lagercrantz deu continuidade à história. O último volume da saga, A Rapariga que Viveu Duas Vezes, chegou às livrarias portuguesas em agosto.

Harry Potter e o Cálice de Fogo, de J. K. Rowling
Imediatamente a seguir, na 97.ª posição, segue uma história que dispensa apresentações. J. K. Rowling será para sempre lembrada na história da literatura contemporânea pela saga brilhante de Harry Potter, o menino que descobriu a magia numa escola digna de sonhos, em Hogwarts.

Foram várias as gerações que se perderam no mundo incomparável de fantasia, criado pela autora britânica. O quarto livro da série, Harry Potter e o Cálice de Fogo, foca-se no Torneio dos Três Feiticeiros e afasta-se da escrita mais infantil dos primeiros três volumes, explorando pela primeira vez um clima de maior tensão onde Harry olha a morte nos olhos e tem o seu primeiro encontro com Lord Voldemort.

Em Parte Incerta, de Gillian Flynn
Gillian Flynn revolucionou tudo aquilo que pensávamos saber sobre o narrador não confiável. Em Parte Incerta ficou conhecido, em grande parte, pela adaptação cinematográfica de David Fincher, com Rosamund Pike e Ben Affleck, chegando a ser indicado, inclusive, para os Óscares de 2015.

No Missouri, Estados Unidos, uma mulher desaparece no dia do seu 5.º aniversário de casamento. Com a pressão da polícia e dos media, o marido começa a desenrolar uma série de mentiras, falsidades e comportamentos pouco adequados. Aqui, o leitor acha que já tem a resposta para todas as perguntas deste thriller, chegando a uma possível conclusão sobre o culpado deste desaparecimento… Ou não.

A Estrada Subterrânea, de Colson Whitehead
Pulitzer de Ficção de 2017, Colson Whitehead teve grande reconhecimento internacional com o livro A Estrada Subterrânea, uma história poderosa e marcante sobre dois escravos que decidem fugir dos seus donos, utilizando a estrada subterrânea, utilizada pela rede de abolicionistas da altura.

O autor norte-americano, que ocupa o 30.º lugar na lista do The Guardian, não é desconhecido no nosso blogue; em agosto de 2019, Barack Obama partilhou as suas habituais leituras para o verão, destacando a obra mais recente de Whitehead, The Nickel Boys.

Persépolis, de Marjane Satrapi
A autobiografia de Marjane Satrapi, em formato gráfico, percorre os seus anos de juventude durante a revolução iraniana, desafiando a imagem que os ocidentais têm do Irão contemporâneo.

Persépolis narra, assim, episódios brutais de perseguição, execuções e bombardeamentos, narrados pela perspetiva de uma criança, mas nunca minimizados, associando textos de uma simplicidade muito poética e desenhos a preto e branco que evocam as iluminuras medievais.

Sapiens; História Breve da Humanidade, de Yuval Noah Harari
Recorrendo a ideias da paleontologia, antropologia e sociologia, Yuval Noah Harari analisa os principais saltos evolutivos da humanidade, desde as espécies humanas que coexistiam na Idade da Pedra até às revoluções tecnológicas e políticas do século XXI — que nos transformaram em deuses, capazes de criar e de destruir.

Para além deste importante destaque, a revista Forbes categorizou Sapiens como o representante da história da evolução humana, da mesma maneira que Stephen Hawking refletiu a história do tempo. O autor deu continuidade ao passado através do futuro, escrevendo Homo Deus: História Breve do Amanhã.

Pessoas Normais, de Sally Rooney
Pessoas Normais é uma história de fascínio, amizade e amor mútuos, que acompanha a vida de um casal que tenta separar-se mas que acaba por entender que não o consegue fazer. Mostra-nos como é complicado mudar o que somos. E, com uma sensibilidade espantosa, revela-nos o modo como aprendemos sobre sexo e poder, desejo de magoar e ser magoado, de amar e ser amado.

O The Guardian apelida-a de “superstar literária”, dona de uma prosa elegante, de apelo universal – e acabou por ocupar o 25.º lugar desta lista. Foi também nomeada para o Man Booker Prize 2018 e o Women’s Prize for Fiction 2019.

Meio Sol Amarelo, de Chimamanda Ngozi Adichie
Com a elegância e o talento a que já nos habituou, Chimamanda Ngozi Adichie cruza um momento determinante na história moderna de África com as vidas de cinco personagens inesquecíveis. Todos eles vão ser forçados a tomar decisões definitivas sobre amor e responsabilidade, passado e presente, nação e família, lealdade e traição. Todos eles vão assistir ao desmoronar da realidade tal como a conheciam, devido a uma guerra que tudo transformará irremediavelmente.

Recentemente, foi anunciada uma minisérie baseada noutra obra de Adichie, Americanah, que contará com Lupita Nyong’o no elenco principal e Danai Gurira como argumentista. No campo da não-ficção, o discurso da autora em Todos Devemos Ser Feministas merece ser, também, mencionado.

A Amiga Genial, de Elena Ferrante
A Amiga Genial é a história de um encontro entre duas crianças de um bairro popular nos arredores de Nápoles e da sua amizade adolescente. Foi a primeira obra da tetralogia napolitana, e que colocou a autora italiana no pódio literário internacional.

O livro de Elena Ferrante acaba por ter o andamento de uma grande narrativa popular, densa, veloz e desconcertante, ligeira e profunda, documentando a forma como a misoginia e a violência podem ser determinantes no percurso de vida de alguém, ao mesmo tempo que segue a história de Itália no século XX.

No início de setembro, a editora italiana de Ferrante anunciou um novo romance, também situado em Nápoles, com data de lançamento prevista para novembro.

Outono, de Ali Smith
O início da tetralogia sazonal de Ali Smith começa em Outono. Considerado como o primeiro romance focado no Brexit, acaba por ser muito mais do que a descrição de um Reino Unido dividido, explorando temas como o amor, a arte, o sonho e o tempo, a vida e a morte, “numa belíssima e pungente sinfonia de memórias, sonhos e realidades efémeras”, segundo o The Guardian.

Ocupando o top 10 das melhores obras do século XXI, a escrita de Ali Smith não nos deixa incólumes. Para seguir a ordem do tempo e acompanhar aquilo que a natureza nos dá, segue-se Inverno, já traduzida para português pela Elsinore.

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Artigo original: Bertrand Livreiros