Chegou mais uma vez o mês de outubro, momento de grande expectativa para os amantes da literatura, e desta vez as honras recaem sobre o autor húngaro László Krasznahorkai. Desde 1901, o Prémio Nobel da Literatura tem reconhecido autores cujas obras transcendem fronteiras linguísticas e culturais, como a sul-coreana Han Kang, premiada no ano passado, reconhecida pela ingenuidade na arte da escrita – e este ano não é excepção.
O autor Húngaro de 71 anos, descrito como “o mestre contemporâneo do Apocalipse” por Susan Sontag, foi declarado ontem o vencedor, em Estocolmo, com a cerimónia de entrega do prémio a ser realizada a 10 de dezembro. É destacada, mais uma vez, uma voz que utiliza com mestria as complexidades da condição humana como matéria-prima, no caso de Krasznahorkai com uma abordagem sombria e distópica, e uma intensidade que lhe vale comparações com Nikolai Gógol, Herman Melville e Franz Kafka.
A Academia Sueca elogia a capacidade da sua obra em “reafirmar o poder da arte”, continuando assim o reconhecimento deste autor previamente galardoado com o Man Booker International Prize em 2015, e muitos outros prémios. Anders Olsson, um dos jurados do Nobel, destaca o “absurdismo e excesso grotesco” da obra do escritor húngaro, cimentando-o como um dos grandes escritores épicos da tradição da Europa central. É notável também a colaboração artística que manteve com o seu compatriota, o cinematógrafo Béla Tarr, incluindo a adaptação do seu romance de estreia Satantango a 7 horas de filme (1994) e a escrita em colaboração do argumento do filme Kárhozat (“Maldição”, 1988).
A edição em português do seu último romance Herscht 07769, da Cavalo de Ferro, já está disponível em pré-lançamento.
Artigo original: Bertrand Livreiros