Cultura

Jon Fosse é o Nobel da Literatura 2023

O Nobel da Literatura foi entregue na quinta-feira, 5 de outubro, ao escritor norueguês Jon Fosse, que estava há anos na lista de favoritos do prémio. Para a Academia sueca, a obra do autor dá voz ao “indizível”.

Antes de discursar confessou que já tinha escrito várias vezes um discurso para aquele momento. Ao contrário do que costuma acontecer, este ano o Nobel da Literatura não foi uma surpresa – Jon Fosse era favorito há muito tempo e o galardão acabou por lhe ser entregue. Escreve não só ficção – que chama de “prosa lenta” –, mas também poesia e teatro.

Jon Fosse tem 64 anos, é norueguês e vive entre uma residência honorária no Palácio de Oslo, Hainburg, na Áustria, e em Frekhaug, na Noruega. A escrita prescinde de maiúsculas e pontos finais e mesmo as vírgulas são arbitrárias – escreve-as onde as sente e não onde a gramática diz que devem estar. Estreou-se em 1983 com Raudt, svart [Vermelho, preto] e desde então já ganhou vários prémios relevantes, como o Prémio Internacional Ibsen e o Prémio Europeu de Literatura. No ano passado, foi finalista do Booker Prize.

Em Portugal é publicado pela Cavalo de Ferro e da sua obra fazem parte títulos como Trilogia (2014), Manhã e Noite (2015) e o recém-publicado romance dividido em sete partes Septologia (2009-2021) – em português, ainda só se pode ler O Outro Nome, que une as duas primeiras.

Esta última obra, o seu magnum opus, foi escrita na cidade austríaca onde vive uma parte do ano, sempre durante a noite. Escrevia das 5h às 9h da manhã. Demorou cinco anos a escrever e, mesmo longe de casa, era no fiorde de Hardanger que pensava. Fosse escreve em Nyorsk, língua oficial norueguesa falada por apenas 10 a 15% da população. Disse que é também a ela que deve o Nobel e que o galardão é um reconhecimento desta forma de falar e escrever.

O prémio, que este ano tem o valor de 11 milhões de coroas suecas (cerca de 1 milhão de euros), costuma ser entregue pelo rei da Suécia a 10 de dezembro, na Sala de Concertos de Estocolmo.

Artigo original: Bertrand Livreiros