Cultura

Abdulrazak Gurnah

Prémio Nobel da Literatura 2021

“Respect yourself and others will come to respect you.” — Abdulrazak Gurnah, Paradise

"A dedicação de Gurnah à verdade e sua aversão à simplificação são impressionantes." — Academia Sueca

As apostas eram favoráveis à escritora francesa Annie Ernaux, ao queniano Ngugi wa Thiong’o, ao japonês Haruki Murakami e à canadiana Margaret Atwood. Mia Couto perfilava-se, também, como um provável vencedor. O anúncio apanhou muitos de surpresa: o Prémio Nobel da Literatura 2021 foi atribuído a Abdulrazak Gurnah, pela sua capacidade de "penetrar de forma intransigente, mas compassiva, nos efeitos do colonialismo e nos destinos de refugiados". É o primeiro negro africano a receber o prémio desde que Wole Soyinka entrou para a história, em 1986.

Abdulrazak Gurnah, que sucede a Louise Glück (Prémio Nobel da Literatura 2020), tem 73 anos, nasceu na Tanzânia e vive no Reino Unido, desde 1960, com o estatuto de refugiado. Deixou o seu país aos 18 anos, com a sua família, em consequência da forte agitação política vivida em Zanzibar e na Tanzânia, durante a década 1960, que motivou a perseguição de diversos grupos étnicos.

Foi professor de Literatura Inglesa e Literatura Pós-Colonial, na Universidade de Kent, e é autor de dez livros. Os seus romances são geralmente descritos como movimentos de “afastamento de descrições estereotipadas”, que “despertam o nosso olhar para uma África Oriental culturalmente diversificada e desconhecida de muitos leitores de outras partes do mundo”. Neste momento, apenas uma dessas obras, By the sea – que chegou a integrar a lista de candidatos ao Prémio Booker, em 2001, está traduzida para português: Junto ao Mar (Difel, 2003).

O Nobel da Literatura, atribuído desde 1901 pela Academia Sueca, tem um valor pecuniário de aproximadamente 950 mil euros, e distingue autores que contribuem, de forma excecional, para a produção literária.

Artigo original: Bertrand Livreiros