Cultura

5 Curiosidades sobre Mia Couto

1. O pseudónimo

António Emílio Leite Couto escolheu como pseudónimo Mia Couto, fruto da sua paixão por gatos, tendo chegado a acreditar, na infância, que era um deles.

2. A primeira obra publicada

Em 1983, publicou o seu primeiro livro de poesia, Raiz de Orvalho (Caminho), que inclui poemas contra a propaganda marxista militante da época. Aborda também questões identitárias e tradicionais da cultura africana. Só em 2011, voltaria a publicar poesia, com o trabalho Tradutor de Chuvas (Caminho).

3. É o autor moçambicano mais traduzido

Traduzido em mais de 22 línguas, em muitas das suas obras o autor procura incluir a influência moçambicana, utilizando léxico de várias regiões do país. «Deve ser talvez deixou a manada fugentar-se» «nem que eu lhe chamboqueie até partir-se dos bocados» (in Vozes Anoitecidas).

4. Detém vários prémios literários internacionais

Entre os vários prémios que recebeu, ao longo da sua vida, destaca-se o Prémio Vergílio Ferreira, em 1999, e o Prémio União Latina de Literaturas Românicas, em 2007.  Em 2011, venceu o Prémio Eduardo Lourenço, que se destina a premiar o contributo em prole do desenvolvimento da língua portuguesa. Em 2013, foi galardoado com o Prémio Camões e com o prémio norte-americano Neustadt.

5. Apaixonado pela Biologia

Especializado em Ecologia, Mia Couto foi o responsável pela preservação da reserva natural da Ilha de Inhaca, em 1992. Numa entrevista à revista Isto é, em 2017, o autor afirma “(…) a Biologia ajudou-me a repensar-me como pessoa solidária e de identidades partilhadas. A Biologia ensinou-me a entender outras linguagens, ensinou-me a fala das árvores, a fala dos que não falam. Resgatei uma intimidade perdida com criaturas que parecem muito distantes de nós. Hoje em nenhum lugar me sinto uma criatura solitária.”

“Mente o tempo:
a idade que tenho
só se mede por infinitos.

Pois eu não vivo por extenso.

Apenas fui a Vida
em relampejo do incenso.

Quando me acendi
foi nas abreviaturas do imenso.

Mia Couto In Vagas e Lumes”

Biografia

Nasceu na Beira, Moçambique, em 1955.
Foi jornalista e professor, e é, atualmente, biólogo e escritor. Está traduzido em diversas línguas.
Entre outros prémios e distinções (de que se destaca a nomeação, por um júri criado para o efeito pela Feira Internacional do Livro do Zimbabwe, de Terra Sonâmbula como um dos doze melhores livros africanos do século XX), foi galardoado, pelo conjunto da sua já vasta obra, com o Prémio Vergílio Ferreira 1999 e com o Prémio União Latina de Literaturas Românicas 2007. Ainda em 2007 Mia foi distinguido com o Prémio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura pelo seu romance O Outro Pé da Sereia.
Jesusalém foi considerado um dos 20 livros de ficção mais importantes da «rentrée» literária francesa por um júri da estação radiofónica France Culture e da revista Télérama.
Em 2011 venceu o Prémio Eduardo Lourenço, que se destina a premiar o forte contributo de Mia Couto para o desenvolvimento da língua portuguesa.
Em 2013 foi galardoado com o Prémio Camões e com o prémio norte-americano Neustadt.
Em 2020 foi galardoado com o Prémio Jan Michalski de Literatura, atribuído anualmente pela Fundação suíça Jan Michalski, tem o valor monetário de 50.000 francos suíços e inclui também uma escultura em madeira do artista nigeriano Alimi Adewale, e distingue a trilogia As Areias do Imperador, publicada em Portugal pela Editorial Caminho em 2015-2018.

Artigo original: Bertrand Livreiros